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Venda da Eletrobras ainda pode ser impedida na Justiça, dizem eletricitários

Acionistas decidem nesta terça, se Eletrobras poderá ser vendida. Eletricitários querem usar voto de ministro do TCU, que concluiu que empresa está sendo vendida abaixo do valor, para questionar privatização

Publicado: 22 Fevereiro, 2022 - 12h43 | Última modificação: 22 Fevereiro, 2022 - 12h56

Escrito por: Rosely Rocha

Reprodução
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Os acionistas da Eletrobras decidem em assembleia virtual, a partir das 14 horas desta terça-feira (22), se a estatal poderá ser privatizada, depois que os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), por 6 a 1, deram o aval para a venda, apesar do valor que o governo de Jair Bolsonaro (PL) quer cobrar estar infinitamente abaixo do mercado.

Leia mais: Privatização da Eletrobras, que deixará contas de luz mais caras, avança no TCU 

A reação dos trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobras à venda de uma estatal estratégica para o desenvolvimento e soberania do país é entrar com ações na Justiça questionando justamente o valor da venda, a partir do voto do ministro do TCU, Vital do Rêgo, único contrário à privatização, por entender que o país teria um prejuízo de no mínimo R$ 23,2 bilhões.

Já pelas contas da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel) e da Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel), a empresa vale, no mínimo, R$ 400 bilhões e o governo quer vender por apenas R$ 67 bilhões. Ou seja, os prejuízos aos cofres públicos serão na ordem de, no mínimo, R$ 333 bilhões.

O diretor da Aeel e coordenador do Coletivo Nacional dos Eletrecitários (CNE), Emanuel Mendes Torres, acredita que ainda há tempo para impedir a privatização da Eletrobras, mesmo que os acionistas optem pela venda, tanto pela questão do valor abaixo do mercado quanto a necessidade de aprovação de uma segunda etapa.

Segundo ele, é preciso aprovar também a cisão da hidrelétrica de Itaipu e da Eletronorte, duas empresas que fazem parte do sistema Eletrobras, mas que não podem ser vendidas. Para isso, o governo abriria uma nova estatal para gerir os ativos dessas duas empresas, além de programas como “Luz para Todos”. Itaipu não pode ser vendida por ser uma empresa binacional entre o governo brasileiro e paraguaio, e a Eletronuclear, pelo fato de ser uma empresa de energia nuclear, de segurança que a Constituição proíbe a sua venda. 

“Ainda temos ações judiciais que os nossos sindicatos apresentaram, por isso a assembleia dos acionistas não significa que o processo de venda estará concluído”, diz Emanuel, que prossegue: Nossa ideia é postergar a privatização até o mês de maio, em virtude do processo eleitoral. E depois das eleições presidenciais em outubro dificilmente o governo atual conseguirá vender a Eletrobras”, acredita.

Venda da Eletrobras ao mercado privado vai aumentar conta de luz

O dirigente reforça que é importante o apoio da população e de parlamentares contra a privatização da Eletrobras, que além de ser vendida por um preço muito abaixo no mercado, provocará o aumento nas tarifas de energia. Ele explica que o governo deve aplicar R$ 31 bilhões da outorga na conta do consumo para evitar um aumento na tarifa de luz. O problema, é que esse dinheiro vai acabar e a conta vai para o consumidor.

“Se o governo aplicar esses R$ 31 bi, a conta de luz vai subir em torno de 4%, mas quando esse valor acabar, a previsão é que os aumentos cheguem a 17%. Além do prejuízo financeiro ao país com a venda, os brasileiros vão pagar para dar lucro a quem comprar a Eletrobras”, diz Emanuel.

O diretor da Aeel explica que a perspectiva de aumento na conta é por que a energia vendida hoje pela Eletrobras no mercado cativo é de R$ 40 a R$ 60 o megawatt/hora. O processo de privatização joga essa energia pro mercado livre que vende entre R$ 300 e R$ 400, o megawatt/hora.

“Quem paga a diferença não são os empresários, são os consumidores”, diz Emanuel.

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