Vereadores de Porto Alegre aprovam corte de isenções da tarifa de ônibus
Proposta aprovada, feita pelo prefeito Sebastião Melo, prejudica especialmente professores, estudantes e idosos de 60 a 64 anos. Confira como votou cada vereador
Publicado: 25 Novembro, 2021 - 14h29 | Última modificação: 25 Novembro, 2021 - 14h39
Escrito por: CUT-RS
Sob protestos de estudantes e professores, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, nesta quarta-feira (24), por 24 votos favoráveis, oito votos contrários e quatro ausências o Projeto de Lei do Executivo que reduz as isenções tarifárias no transporte coletivo da Capital, prejudicando especialmente professores, estudantes e idosos de 60 a 64 anos.
Segundo o projeto do prefeito Sebastião Melo (MDB), o novo Sistema de Isenções Tarifárias do Transporte Coletivo por Ônibus do Município de Porto Alegre permitirá “uma tarifa compatível com a capacidade de pagamento dos usuários e a garantia da democratização do acesso às oportunidades de emprego, renda e de integração social”.
Para vereadores de oposição e entidades estudantis e de professores, o projeto aprovado retira direitos de setores da população social e economicamente vulneráveis e não resultará em redução da tarifa, como alega a Prefeitura.
Vergonha
Além dos professores, deixarão de contar com isenção de tarifa pessoas de 60 a 64 anos, oficiais de Justiça, carteiros, agentes de fiscalização, guardas municipais e ex-combatentes. Emendas da oposição, que tentaram incluir alguns desses grupos na lei, foram rejeitadas.
Para o vereador Pedro Ruas (PSOL), líder da oposição, o projeto é “cruel” ao retirar direitos conquistados historicamente, especialmente pelos professores, e não resultará em redução da tarifa.
“Muitas vezes desconsiderados enquanto servidores, os professores sofrem mais um ataque e mais uma vez são penalizados e agredidos na sua dignidade profissional. A Prefeitura abre mão do dinheiro com isenção de tributos aos grandes empresários e faz essa crueldade. Retirar a isenção do transporte coletivos é interesse dos empresários da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros), que há 60 anos mandam nessa cidade”, criticou Ruas.
O Centro dos Professores Primários Estaduais (CPERS Sindicato) também repudiou o projeto que retira a meia passagem dos professores. O 2º vice-presidente da entidade, Edson Garcia, que acompanhou a votação na Câmara, definiu a decisão como uma “vergonha”.
“Infelizmente, a Prefeitura e a maioria dos vereadores e vereadoras provam que não tem compromisso com a educação pública, assim como ocorre em nível estadual com o governo Eduardo Leite. A retirada da meia passagem é vergonhosa e seguiremos lutando para reverter essa decisão”, afirmou Edson.
Redução de direitos para estudantes
O projeto aprovado na Câmara estabelece uma série de mudanças nas isenções para estudantes. As principais são as seguintes:
- a passagem escolar será destinada ao estudante hipossuficiente, devidamente inscrito no CadÚnico, regularmente matriculado e efetivo nas redes de ensino fundamental, médio, técnico, profissionalizante, graduação ou preparatório, em instituições de ensino público e privadas, devidamente reconhecidas pelo respectivo órgão oficial.
- para renda familiar per capita máxima de até R$ 1.650,00: 100% de isenção para alunos do ensino fundamental; 75% para estudantes do ensino médio e 50% para ensino profissionalizante, superior ou preparatório.
- para renda familiar per capita máxima entre R$ 1.650,00 e R$ 1.925,01: isenção de 50% para estudantes do ensino fundamental, médio, técnico, profissionalizante, graduação ou preparatório.
- para renda familiar per capita máxima entre R$ 1.925,01 até R$ 2.200,00: isenção de 25% para estudantes do ensino fundamental, médio, técnico, profissionalizante, graduação ou preparatório.
Fica ao usuário concedido o prazo de dois anos, prorrogáveis por mais um ano a critério do Executivo Municipal inscrito no CadÚnico.
Os demais estudantes ficarão sem qualquer isenção de tarifa de ônibus.
Pessoas com deficiência física e mental
O benefício de isenção tarifária será concedido a quem mantiver o cadastro regular e atualizado junto à sua entidade representativa, com inscrição no CadÚnico e cuja renda familiar não supere R$ 6,6 mil.
Pessoas que vivem com HIV/Aids
A isenção será dada à pessoa portadora da doença que seja atendida pelos serviços de saúde existentes em Porto Alegre, com as devidas comprovações solicitadas na lei e renda familiar não superior a R$ 6,6 mil.
Bombeiros
Ficam isentos da passagem de ônibus, juntamente com os soldados da Brigada Militar, os soldados do Corpo de Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul.
Como votou cada vereador:
Favoráveis ao projeto de Melo (24):
Airto Ferronato (PSB)
Alexandre Bobadra (PSL)
Alvoni Medina (REP)
José Freitas (REP)
Cassiá Carpes (PP)
Monica Leal (PP)
Idenir Cecchim (MDB)
Lourdes Sprenger (MDB)
Pablo Melo (MDB)
Pedrinho da Tinga (SD)
Comandante Nádia (DEM)
Felipe Camozzato (NOVO)
Mari Pimentel (NOVO)
Policial Mariana Lescano (PRTB)
Gilson Padeiro (PSDB)
Moises Barboza (PSDB)
Ramiro Rosário (PSDB)
Giovane Byl (PTB)
Hamilton Sossmeier (PTB)
Psicóloga Tanise Sabino (PTB)
Jesse Sangalli (Cidadania)
Márcio Bins Ely (PDT)
Mauro Zacher (PDT)
Mauro Pinheiro (PL)
Contrários ao projeto de Melo (8):
Aldacir Oliboni (PT)
Jonas Reis (PT)
Laura Sito (PT)
Leonel Radde (PT)
Karen Santos (PSOL)
Matheus Gomes (PSOL)
Pedro Ruas (PSOL)
Roberto Robaina (PSOL)
Ausentes (4)
Cláudia Araújo (PSD) – Falta justificada
Bruna Rodrigues (PCdoB)
Daiana Santos (PCdoB)
Kaká D'avila (PSDB)