Escrito por: Redação CUT

Vizinho afirma que agressores bateram até vítima parar de respirar, diz jornal

Vizinho de João Alberto Silveira Freitas, negro, de 40 anos, morto por seguranças e um policial no Carrefour de Porto Alegre, disse a repórter do Estadão que tentou intervir mas não conseguiu

Reprodução Twitter

Cerca de oito seguranças ficaram no entorno da área onde João Alberto Silveira Freitas, negro, 40 anos, era espancado por outro segurança e um policial militar em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre, para impedir que as pessoas que tentavam parar com as agressões, que só terminaram com a morte da vítima, se aproximassem. O assassinado na noite desta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.

“Não pararam. A gente gritava ‘tão matando o cara’, mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano (George Floyd, morto por policiais neste ano nos Estados Unidos)”, contou à repórter do Estadão, Priscila Mengue, um vizinho da vítima, Paulão Paquetá.

“Estava chegando no local na hora das agressões. Eu estava a uns 10 metros quando começou. Tentamos intervir, mas não conseguimos”, relatou ao jornal.

Paulão disse ainda que a esposa da vítima, um homem negro, também viu o espancamento, mas foi impedida de intervir. “Ela viu o marido sendo morto", lamenta.

Ainda segundo o jornal, Paulão, que é presidente da Associação de Moradores e Amigos do Obirici, estima que as agressões duraram cerca de 7 minutos. Ele diz que alguns motoboys que filmaram a violência tiveram os celulares tomados para não registrar toda a ação. “Quando viram que ele parou de respirar, eles se apavoraram. Chamaram a Brigada (Militar), que isolou ali e a Samu tentou reanimar.”

Uma manifestação convocada pelas redes sociais será realizada nesta sexta-feira (20), às 18h, em frente ao Carrefour, como forma de expressar solidariedade à família de Beto e exigir justiça e o fim da violência e do racismo na sociedade.

"Vamos protestar contra essa barbárie, que ilustra o quanto precisamos de uma consciência negra no Brasil para acabar com o genocídio da população preta e garantir respeito e igualdade de direitos", afirma a secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia. "Vidas negras importam", destaca.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agressões e o momento que o cliente é atendido por socorristas. Em uma das gravações, o homem é derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita "vamos chamar a Brigada (Militar)".

Uma mulher vestindo uma camisa branca e um crachá, que também seria funcionária do supermercado, aparece ao lado dos agressores, filmando a ação. Ela já foi identificada e será ouvida. Outro registro mostra a vítima desacordada, enquanto há marcas de sangue no chão.