Escrito por: Redação RBA
Com a doença em alta e o governo negligenciando a vacinação de crianças, cenário é complexo. Falta estrutura adequada para garantir segurança
Com o avanço da ômicron, a negligência do governo que atrasa a vacinação e as dificuldades das escolas em se adaptar aos protocolos mais seguros para proteger as crianças da Covid-19, em especial as não vacinadas, a volta as aulas neste início cde 2022 se torna um grande desafio.
O Brasil tem 38,5 milhões de crianças e adolescentes matriculados no ensino público e 8,8 milhões no privado, com um total de 47,3 milhões na educação básica. Os dados são do Censo Escolar de 2020. A maioria está no ensino municipal (48,4%), seguido pelo estadual (32,1%) e redes privada (18,6%) e federal (0,9%).
Falta estrutura
Para um retorno seguro, com o atraso na vacinação, é essencial seguir protocolos sanitários mais rígidos. Entretanto, pesquisa produzida pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) apontou que 72% das redes municipais avaliaram o cumprimento dos protocolos de segurança sanitária como de dificuldade fácil a moderada, maior nas creches e pré-escola.
Além disso, os dados oficiais revelam a insegurança do retorno. De acordo com números do Sistema Nacional Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, tabulados pelo portal Pindograma a pedido do jornal Folha de S. Paulo, só 44,8% das escolas estaduais do país têm ventilação considerada adequada. Esse número sobe um pouco nos municípios (46,5%) e é significativamente maior na rede federal (59,2%) e na rede privada (81,6%).
Volta às aulas sem segurança
Perguntadas pela revista Poli, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre a realização de obras ou compra de ventiladores como parte dos protocolos de segurança sanitária em meio à pandemia,12 secretarias estaduais de educação (PR, SP, RJ, MG, MA, RN, AL, SE, PE, AM, MT, MS) responderam à reportagem.
Nenhuma relatou obras específicas de ampliação da ventilação, mas todas garantiram que houve investimento na melhoria das escolas, sem detalhar quais, e enfatizaram a autonomia de cada instituição para aplicar o dinheiro repassado pelos governos.
Outro problema tem relação com as máscaras. As secretarias informam que vão distribuir máscaras de pano para os alunos. De acordo com estudos, estes itens, em ambientes fechados, não possuem alta eficácia. O correto, de acordo com os cientistas, seria a distribuição do modelo PFF2. ““É um risco você colocar uma máscara de tecido em um ambiente fechado”, explica o pesquisador do laboratório de Clima e Saúde da Fiocruz Diego Xavier.
As melhorias necessárias, de acordo com a Fiocruz, ultrapassam a questão da covid-19. “Embora a gente tenha que reconhecer que as escolas precisariam melhorar também a sua infraestrutura, sobretudo porque vamos vivenciar possivelmente um ciclo pandêmico, com o surgimento de outros vírus respiratórios. Pensar na melhoria da qualidade do ar não diz respeito somente ao enfrentamento da covid-19, mas significa reconhecer o quanto as escolas já eram potenciais disseminadoras de outros vírus respiratórios”, afirma Xavier.