Bolsonaro tenta esconder os mais de 687 mil mortos pela covid-19
Associação familiares de vítimas da pandemia faz ato em Brasília para mostrar que Bolsonaro quer invisibilizar a luta dos que perderam parentes e amigos, e de milhares de sobreviventes
Publicado: 21 Outubro, 2022 - 09h36 | Última modificação: 21 Outubro, 2022 - 09h50
Escrito por: Cida de Oliveira, da RBA
Divulgação Avico
O candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) tenta invisibilizar os mais de 687 mil mortos pela covid-19 nesta pandemia que ainda não tem data para acabar. Assim como quer “jogar para debaixo do tapete” o sofrimento dos familiares que perderam seus entes queridos e das das centenas de milhares que sobreviveram ao novo coronavírus, com suas sequelas e traumas.
O desabafo foi feito à RBA pela assistente social e pós-graduanda em Direitos Humanos Paola Falceta, presidenta e fundadora da Avico Brasil, associação que reúne vítimas e familiares da covid. A entidade oferece assistência psicológica, jurídica e social a sobreviventes da doença e parentes dos mortos pela infecção, além de auxílio em reivindicações trabalhistas e previdenciárias. O grupo atua ainda buscando reparação na Justiça em relação à negligência do governo Bolsonaro.
Integrantes da entidade fizeram mais um ato hoje (20) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, chamando atenção para a necropolítica do atual governo. Com o mote “Dia 30, vote por eles”, a campanha terá novo manifesto neste domingo (23), na Avenida Paulista, em São Paulo.
“Além da dor da perda de nossos amores, enfrentamos a luta diária contra as ‘fake news’ bolsonaristas, que estão aí a mil por hora, cada vez mais violentas, que nos massacram. O governo nega morte de crianças e adolescentes. É a necropolítica e o negacionismo”, disse Paola, referindo-se à fala de Bolsonaro.
Bolsonaro e as mortes pela covid
“Você não viu moleque morrendo de (corona)vírus por aí. Alguém conhece algum filho de alguém que morreu de (corona)vírus?”, questionou o Presidente da República e candidato à reeleição recentemente, em entrevista. Porém, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no período de 4 de setembro a 1 º de outubro deste ano, 437 crianças foram hospitalizadas por complicações da covid no Brasil. Destas, 17 menores de 5 anos morreram. Sem contar a demora para aquisição e distribuição para a rede pública da vacina para esta faixa etária, apesar do aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Paola perdeu a mãe de 81 anos em abril de 2021. E ela própria foi infectada, assim como a irmã e o sobrinho, os três com sintomas brandos. Ela critica também o fato de, prestes a completar três anos e longe de ter data para acabar, a pandemia ainda é tratada com descaso pelo atual governo. “Vivemos a negação da pandemia, Crises na gestão, como a falta de oxigênio em Manaus, cuja explosão de casos já era alertada por especialista da Fiocruz. Tivemos problemas com a vacina. E não temos até hoje uma política de atenção para as pessoas que sobreviveram, que têm sequelas”, criticou.
A Avico participou da produção do documentário Eles Poderiam Estar Vivos, que investiga e expõe o desastre sanitário da condução de Bolsonaro ante a pandemia de covid no Brasil. O longa-metragem, que estreou em 22 de setembro, é de autoria de Lucas Mesquita – que após perseguição do ex-juiz Sergio Moro o chamou de “Tchutchuca de Genocida” – e seu irmão, Gabriel Mesquita.
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