Wallace é suspenso por cinco anos após desobedecer decisão por ameaças a Lula
Jogador entrou em quadra, sem cumprir os 90 dias de suspensão, autorizado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Entidade também foi suspensa junto ao COB e pode perder patrocínio do Banco do Brasil
Publicado: 02 Maio, 2023 - 16h24 | Última modificação: 02 Maio, 2023 - 16h31
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
O jogador de vôlei Wallace de Souza ficará suspenso por cinco anos após o Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB), reagir à permissão da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para que ele pudesse jogar pelo seu time, o Cruzeiro, na final do campeonato brasileiro de vôlei, realizada no domingo (30/4). O Cruzeiro foi o campeão do torneio.
Wallace, que já foi campeão olímpico pela seleção brasileira, havia sido suspenso no mês passado, após sugerir ”dar um tiro” no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O jogador publicou em sua conta oficial no Instagram, em fevereiro deste ano, uma fotografia portando uma espingarda calibre 12 e abriu para comentários dos seguidores. Um deles perguntou se o atleta “daria um tiro na cara do Lula com essa 12”. O jogador fez, então, uma enquete sobre o comentário com a mesma pergunta. Em seguida, exibiu o comentário. Pelas ameaças ao presidente da República, Wallace pegou uma suspensão de 90 dias para atuar em clubes e de um ano para atuar pela seleção brasileira. Ambas as punições foram aumentadas para cinco anos.
A autorização para que ele entrasse quadra também vai custar caro à Confederação Brasileira de Vôlei que ficará suspensa por seis meses junto ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Além da suspensão o Conselho de Ética recomendou que o Banco do Brasil e o Ministério do Esporte cortem repasses à Confederação de Vôlei pelo mesmo período.
A suspensão de recursos por seis meses impede repasses financeiros ou por meio de qualquer cessão de espaços físicos, material humano ou know how, o que deixa o COB de executar os recursos reservados para o vôlei, como faz com outras confederações impedidas de receberem recursos públicos. Só pela Lei Piva, das Loterias, o repasse previsto é de R$ 4,9 milhões.
A decisão é assinada pelo conselheiro relator Ney Bello, que também é desembargador do TRF1.
"Ao entrar em quadra, o atleta sabia que estava agindo ilicitamente e a CBV também tinha pleno conhecimento de que sua decisão de permitir a participação do voleibolista na competição, enquanto vigorava a punição, era ilícita e antiética", diz a decisão, publicada pelo colunista do UOL, Demétrio Vecchioli.
"Permitir que toda e qualquer Confederação ou Federação, através de seu Tribunal próprio, decida não cumprir decisão do COB, crendo que mesmo assim poderá participar do sistema, auferindo recursos financeiros, participando de competições e percebendo benefícios que só existem em razão do próprio COB, não é a melhor postura para quem deveria valorizar o esporte e a ética da sua prática”, acrescentou o desembargador.
O CECOB também sugere que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça uma Tomada de Contas Especial sobre os valores públicos federais aplicados na CBV, e suspende por um ano o presidente em exercício da CBV, Radamés Lattari, que foi eleito como vice. O presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, está afastado por problemas de saúde.