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CUT encerra encontro sobre mineração mirando na COP30

Encontro Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras em Mineração no Brasil sistematizou em três principais eixos as reflexões que devem nortear o movimento sindical com o tema; confira

Publicado: 15 Junho, 2024 - 15h08 | Última modificação: 17 Junho, 2024 - 12h28

Escrito por: Carolina Servio

Tiago Matias/AHEAD
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A etapa final do Encontro Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras em Mineração no Brasil, realizado nesta quinta-feira 13 e sexta-feira 14 na sede da CUT Brasil, em São Paulo, sistematizou em três principais eixos as reflexões que devem nortear o movimento sindical com o tema. O encontro, organizado pela Central Única dos Trabalhares (CUT Brasil) e Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ/CUT), contou com a parceria da Solidarity Center/AFL-CIO. 

Os eixos são: o contexto da mineração no Brasil e no mundo, o retrato histórico do movimento sindical para o setor, e temas de ordem geral como a crise climática e a COP30. Os dois dias de debate levaram os dirigentes e tirar uma série de desafios que devem orientar os trabalhos no próximo período, entre eles:  

Aprofundar o conhecimento no universo da mineração;
Aproximar os sindicatos da mineração com a CUT;
Articular as secretarias de meio ambiente das CUTs regionais e Brasil dos sindicatos do setor;
Cobrar celeridade nos processos de reparação e justiça envolvendo empresas do setor;
Aumentar o diálogo tanto com o governo quanto com empresas do setor. 

COP30

Antes das considerações finais, na penúltima mesa do seminário, que ficou sob responsabilidade da Secretaria de Relações Internacionais da CUT Brasil, foi debatido a relevância e os desafios para o movimento sindical colocados pela COP30. 

Leia também: Trabalhadores em mineração debatem cenários para o futuro e a crise climática

A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025. De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada "família COP", formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.

E foi justamente sobre essa participação que Fernando Vivaldo, da secretaria de Relações Internacionais da CUT, chamou atenção. Na COP28, realizada no ano passado em Dubai, a delegação brasileira possuía 1500 pessoas inscritas. Dessas, menos de dez, segundo Fernando, eram sindicalistas, mostrando a necessidade de radicalizar a participação sindical nos espaços de discussão sobre o clima e a transição energética. 

“Falamos muito sobre a importância de não deixar ninguém para trás, de assegurar os empregos. Isso só será possível se os trabalhadores estiverem envolvidos na organização do evento”, afirmou. 

A secretária de Políticas Sociais de Direitos Humanos, Jandyra Uehara, reforçou dizendo que “a COP30 é propícia para as manifestações populares e culturais” mas que é preciso a classe trabalhadora esteja atenta “as efetivas negociações, para que o evento tenha o poder de fazer com que a transição energética seja justa para o povo brasileiro, e garanta a soberania nacional.” 

Jandyra participou também nesta semana, no Rio Grande do Norte, de um seminário sobre os parques eólicos abertos no nordeste, e garantiu que a perspectiva das comunidades atingidas são as piores possíveis. Ela afirmou ainda que não há empregos para quem mora no local e que a agricultura familiar nas regiões do parques eólicos está sendo destruída. 

“Não existe energia limpa. O que está acontecendo no nordeste é uma devastação. As comunidades locais estão sendo massacradas. A Caatinga é uma das energias que mais retém carbono, e a caatinga está sendo devastada para colocar parque eólico no lugar”, disse. 

O secretário-geral da CUT, Renato Zulato, acredita que um dos principais desafios para os sindicatos será organizar ainda este ano para que haja ampla representação de trabalhadores e trabalhadoras na COP30, em Belém. 

“Nosso esforço é também de organizar os sindicatos e ramos da mineração e outros setores impactados pela transição energética para que tenhamos capacidade de interlocução com os espaços de decisão e poder, tanto com as empresas quanto no diálogo com o governo”, disse Zulato.