Escrito por: Redação CUT
Revista IstoÉ fez matéria sobre assessora do filho mais velho do presidente, irmã de milicianos presos, que assinava cheques e foi tesoureira de Flávio e diz que seu gabinete era polo de candidaturas laranjas
Funcionária que tinha uma procuração e até assinava cheques em nome do senador Flávio Bolsonaro (PSL) quando ele era deputado estadual pelo Rio de janeiro, é irmã dos Policiais Militares (PM), Alan e Alex Rodrigues de Oliveira –milicianos presos em agosto do ano passado na Operação Quarto Elemento.
Comandada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretária de Segurança do Rio e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a Quarto Elemento é uma operação contra a corrupção dentro da Polícia Civil do Rio que investiga quase 50 denunciados entre policiais civis , militares, bombeiros, agentes penitenciários e 15 informantes ou ajudantes dos policiais.
Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos PMs milicianos presos, Alan e Alex, foi tesoureira do filho numero três de Bolsonaro durante sua campanha ao Senado no ano passado, segundo reportagem da revista Isto É, que traz cheques do agora senador assinado pela assessora.
Flávio Bolsonaro também empregou no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro até novembro do ano passado a mãe e a mulher do capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) como líder do Escritório do Crime, milícia suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.
Laranjal do PSL
Além do envolvimento com a milícia, a revista também revela, conforme reportagem de Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT, que o gabinete de Flávio Bolsonaro funcionou como um polo de organização do esquema de candidatos laranjas do PSL, partido do presidente da República, para desviar verbas do fundo partidário. Alessandra Ferreira de Oliveira, outra funcionária do seu gabinete, exerceu a função de primeira-tesoureira do PSL, cabendo a destinar recursos para as candidaturas do partido no estado do Rio.
Sua empresa, a Alê Soluções e Eventos Ltda, foi responsável pela contabilidade de 42 campanhas do PSL, recebendo em pagamento parte das verbas destinada aos candidatos. Candidatas ouvidas pela reportagem relatam ter devolvido praticamente todo o dinheiro recebido.
Queiroz
Outro ex-assessor de Flávio Bolsonaro no Legislativo fluminense assumiu, em depoimento ao MP-RJ nesta semana, que repassava mensalmente cerca de dois terços de seus salários para o também ex-assessor Fabrício Queiroz que, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) movimentou R$ 7 milhões em três anos.
Queiroz, ex-PM, que era motorista e segurança de Flávio e amigo de Bolsonaro pai há pelo menos três décadas, é apontado como suspeito de ser o responsável pelo recolhimento de parte dos salários desses assessores, que depois eram encaminhados à família do atual deputado e senador eleito. Dentre a movimentação suspeita, consta um cheque de Queiroz no valor de R$ 24 mil destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
'Nova Política'
O comentarista político José Lopez Feijóo diz que as novas denúncias envolvendo mais laranjas e milicianos, somadas às articulações políticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que deve distribuir cargos para tentar aprovar a sua proposta de "reforma" da Previdência, sepultam de uma vez por todo o discurso moralista de suposto combate à corrupção.
Ele também relembra o caso da candidata ao Senado pelo PSL, Carmen Flores, que teria repassado verba pública do fundo partidário para a filha e a neta. E cobra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. "Como se vê, no quesito corrupção, a família e o governo Bolsonaro estão em grandes dificuldades para explicar estas enormes complicações. O mais estranho é o silêncio do juiz Sérgio Moro, que virou ministro da Justiça, todos sabem, se dizendo um paladino do combate à corrupção", diz em sua coluna para o Seu Jornal.
Assista à reportagem: