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Zilah Abramo, a vida entre pensamento, ação e devoção

Fundadora do PT e da fundação que leva o nome de seu companheiro, Perseu Abramo, ela morreu nesta quinta-feira, aos 91 anos

Publicado: 17 Agosto, 2018 - 09h03

Escrito por: RBA

Cesar Ogarta/FPA
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Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Zilah Wendel Abramo chegou a dizer que sua única contribuição para essa área foi "participar, com Perseu Abramo, da formação de duas filhas sociólogas". Fundadora do PT e da fundação que leve o nome de seu companheiro, ela morreu nesta quinta-feira (16), aos 91 anos.

Zilah e Perseu casaram-se em 1952. O casal teve cinco filhos: Bia, Lais, Mario, Helena e Marta. Ficaram juntos até a morte de Perseu, em 1996, quando foi criada a fundação. Isso porque, segundo ela escreveu na revista Teoria e Debate, de acordo com o horóscopo chinês o casamento "não poderia durar": ele era de serpente, "símbolo da sabedoria e da prudência", e ela, tigre, "impetuoso e imprevisível". Ficaram juntos mais de 43 anos.

O PT a indicou para a primeira direção da Fundação Perseu Abramo. Ela foi vice-presidente de 1996 a 2003, presidenta do Conselho Curador de 2003 a 2012 e presidenta de honra a partir de então. 

Professora por dois anos na Universidade de Brasília (UnB), de 1962 a 1964, até o golpe, Zilah trabalhou na administração pública, principalmente em recursos humanos. Militou no PSB nos anos 1950. Duas décadas depois, atuou no Comitê Brasileiro de Anistia em São Paulo.

Segundo texto publicado hoje pela fundação, Zilah orgulhava-se muito de algumas amizades, como a de Antonio Candido. "Fomos companheiros no PSB dos anos 50, continuamos a lutar com as mesmas bandeiras, na resistência contra a ditadura, especialmente na grande greve do funcionalismo de 1979, quando ele atuava como vice-presidente da Adusp (Associação dos Docentes da universidade) e eu integrava as hostes da Saúde. Finalmente nos encontramos no Colégio Sion, no dia da fundação do PT. Quando vi Antonio Candido, entre os demais companheiros do PSB antigo, tive a certeza de que estava no lugar certo."

Em outubro de 2012, escreveu carta a José Genoino, em solidariedade, revelando também sua paixão esportiva. "Os corintianos, como nós dois, não se deixam abater pelos momentos difíceis da vida."

O velório será realizado das 9h às 15h desta sexta no Funeral Home (Rua São Carlos do Pinhal, 376, na Bela Vista, região central de São Paulo). O enterro está marcado para as 17h no Cemitério Gethsêmani, no bairro do Morumbi.

Em artigo de 1994 também para Teoria e Debate, Zilah listou três livros entre seus prediletos: Macunaíma (Mário de Andrade), Hamlet (Shakespeare) e Dom Quixote (Cervantes). "Bem, está aí a minha trilogia de heróis: Macunaíma, Hamlet, Dom Quixote. A partir daí, não é difícil entender meu engajamento nas lutas que vivemos, contra a ditadura, pela anistia, pelo impeachment e, especialmente, minha adesão ao PT. Não é mesmo?", escreveu.