CUT-SP repudia violência contra ocupação do MTST no ABC
Dirigentes CUTistas estiveram no local em apoio aos trabalhadores que ocupam terreno há 40 anos sem cumprir função social
Publicado: 17 Setembro, 2017 - 22h55 | Última modificação: 18 Setembro, 2017 - 19h00
Escrito por: Vanessa Ramos / CUT São Paulo
Em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, um ato em solidariedade à ocupação Povo Sem Medo contou neste domingo (17) com dirigentes sindicais da CUT-SP, sindicatos filiados, movimentos sociais do campo e da cidade e parlamentares.
O ato foi organizado após um ataque a tiros contra a ocupação na tarde de sábado (16). Segundo denúncia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organiza a ocupação, os disparos vieram de um condomínio que fica ao lado do terreno.
Secretário-Geral da CUT-SP, João Cayres, expressa indignação diante da intolerância e critica a atual administração municipal que tem à frente o prefeito Orlando Morando (PSDB).
“Esse cenário de violência acaba se dando de várias formas. O prefeito da cidade divulgou um vídeo que, em nossa avaliação, acaba estimulando o ódio. Ele disse que não negocia quando, na verdade, deveria exercer o papel de conciliador. Deveria promover a paz e não o contrário”, afirmou o dirigente, ao lembrar que hoje 6.500 famílias ocupam o terreno.
Para o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, o ataque mostra como existem pessoas que não conseguem conviver com a luta popular e com os pobres. “Não vamos responder a essa agressão com mais violência. A nossa melhor resposta é mostrar que não arredaremos o pé e que temos apoio político”, disse.
No local, existem muitos trabalhadores desempregados. Para o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, isso é um retrato do cenário de crise no Brasil.
“Vivemos um dos piores momentos da história, com o desmonte das políticas públicas e dos direitos sociais. E não apenas neste, mas em outros episódios, vemos como o clima de ódio tem se espalhado também entre a população, sem falar que os aparelhos repressores do Estado são sempre utilizados contra os trabalhadores e os movimentos de esquerda.”
Izzo lembra que CUT defende a ampliação de investimento em políticas de habitação, realidade ignorada pelos governos federal e estadual. "Nem o golpista Michel Temer, nem o governo Alckmin priorizam investimentos no setor. Ao contrário, cortam cada dia mais as verbas destinadas às áreas da saúde e da educação ou aos programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida", pontua.
A ocupação Povo Sem Medo está em um terreno da Construtora MZM, abandonado há mais de 40 anos. Não cumpre, portanto, nenhuma função social, explica o vice-presidente da CUT-SP, Valdir Fernandes, o Tafarel.
“A violência contra o movimento representa uma ação fascista. O direito à moradia está na Constituição federal e os sem-teto realizam uma ação legítima ao reivindicar moradia aos governos federal, estadual e municipal. No estado de São Paulo, por exemplo, o governo Alckmin há anos não realiza nenhum avanço significativo nesta área”, avalia.
Foto: Roberto Parizotti / CUT Brasil
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