Escrito por: Vanessa Ramos / CUT São Paulo
Dirigentes CUTistas estiveram no local em apoio aos trabalhadores que ocupam terreno há 40 anos sem cumprir função social
Em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, um ato em solidariedade à ocupação Povo Sem Medo contou neste domingo (17) com dirigentes sindicais da CUT-SP, sindicatos filiados, movimentos sociais do campo e da cidade e parlamentares.
O ato foi organizado após um ataque a tiros contra a ocupação na tarde de sábado (16). Segundo denúncia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organiza a ocupação, os disparos vieram de um condomínio que fica ao lado do terreno.
Secretário-Geral da CUT-SP, João Cayres, expressa indignação diante da intolerância e critica a atual administração municipal que tem à frente o prefeito Orlando Morando (PSDB).
“Esse cenário de violência acaba se dando de várias formas. O prefeito da cidade divulgou um vídeo que, em nossa avaliação, acaba estimulando o ódio. Ele disse que não negocia quando, na verdade, deveria exercer o papel de conciliador. Deveria promover a paz e não o contrário”, afirmou o dirigente, ao lembrar que hoje 6.500 famílias ocupam o terreno.
Para o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, o ataque mostra como existem pessoas que não conseguem conviver com a luta popular e com os pobres. “Não vamos responder a essa agressão com mais violência. A nossa melhor resposta é mostrar que não arredaremos o pé e que temos apoio político”, disse.
No local, existem muitos trabalhadores desempregados. Para o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, isso é um retrato do cenário de crise no Brasil.
“Vivemos um dos piores momentos da história, com o desmonte das políticas públicas e dos direitos sociais. E não apenas neste, mas em outros episódios, vemos como o clima de ódio tem se espalhado também entre a população, sem falar que os aparelhos repressores do Estado são sempre utilizados contra os trabalhadores e os movimentos de esquerda.”
Izzo lembra que CUT defende a ampliação de investimento em políticas de habitação, realidade ignorada pelos governos federal e estadual. "Nem o golpista Michel Temer, nem o governo Alckmin priorizam investimentos no setor. Ao contrário, cortam cada dia mais as verbas destinadas às áreas da saúde e da educação ou aos programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida", pontua.
A ocupação Povo Sem Medo está em um terreno da Construtora MZM, abandonado há mais de 40 anos. Não cumpre, portanto, nenhuma função social, explica o vice-presidente da CUT-SP, Valdir Fernandes, o Tafarel.
“A violência contra o movimento representa uma ação fascista. O direito à moradia está na Constituição federal e os sem-teto realizam uma ação legítima ao reivindicar moradia aos governos federal, estadual e municipal. No estado de São Paulo, por exemplo, o governo Alckmin há anos não realiza nenhum avanço significativo nesta área”, avalia.
Foto: Roberto Parizotti / CUT Brasil
Entrevista com o líder do MTST Guilherme Boulos
Assembleia popular leva solidariedade à ocupação