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Artigo

A luta de Margarida Alves precisa ser lembrada para resistirmos e continuarmos lutando

Publicado: 12 Agosto, 2017 - 00h00

O assassinato da sindicalista paraibana, Margarida Maria Alves, há 34 anos nos faz lembrar a luta desigual e desonesta entre o capital e o trabalho. Mas também nos encoraja a resistir e continuar lutando neste momento de ataque à classe trabalhadora.

“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, dizia a nordestina sob ameaças de fazendeiros e usineiros da região, quando ela desafiava a elite deste país para defender trabalhadores e trabalhadoras. A luta desta mulher do campo deve nos inspirar.

A luta por direitos trabalhistas básicos e o enfrentamento contra a desigualdade foram pautas da Margarida durante o regime militar. Parece-me que estas pautas são bem atuais, apesar de ter se passado três décadas.

Depois de 13 anos de governos populares e o golpe de estado, as mulheres lutam e resistem todos os dias contra os retrocessos. O golpista Michel Temer e seus aliados tiraram nossa esperança de melhorar e salvar a vida das mulheres, acabando com a SPM (Secretaria de Políticas para Mulheres) e querem transformar nossas realidades para pior.

As reformas apresentadas pelo ilegítimo nos faz voltar ao século passado.

A Reforma Trabalhista, aprovada há mais de um mês, acaba com direitos arduamente conquistados, como 13º, férias, descanso semanal remunerado e jornada de 8 horas, legados de Margarida para o povo do campo na década de 80.

Se aprovada a Reforma da Previdência, que pode ser votada a qualquer momento na Câmara dos Deputados, o trabalhador ou a trabalhadora rural não poderão mais envelhecer com dignidade, terão que trabalhar até morrer, principalmente as mulheres do campo, que perderão a condição de segurada especial.

Além de excluir essa condição, a proposta do governo ilegítimo do Michel Temer quer ampliar a idade mínima para as mulheres e homens, dificultar o acesso e diminuir o valor do benefício desvinculando a política de salário mínimo da aposentadoria.

O latifúndio, que Margarida enfrentou, hoje é uma dos grandes influenciadores no Congresso Nacional e um dos aliados deste governo, além de apoiar as reformas, os parlamentares, em sua grande maioria, apoiam medidas para beneficiar o capital estrangeiro vendendo terras brasileiras sem limites. Com isso a morte de trabalhadoras e trabalhadores rurais só cresce. Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), a morte no campo aumentou em 26%, a maior estatística da história deste país.

Mataram a paraibana, assim como continuam matando os lutadores e as lutadoras deste país achando que iam calar todos os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, especialmente as mulheres. O nome de Margarida está estampado na maior marcha de mulheres rurais do país, porque a sindicalista é símbolo de resistência e luta.

Margarida não viu a vitória de um governo popular e seu povo conquistando cisternas para enfrentar as secas do nordeste. Não presenciou a melhora de vida do povo com a política do salário mínimo anualmente reajustado conforme a inflação para todas as trabalhadoras e os trabalhadores rurais do país. Margarida não viu a conquista do direito de viver com dignidade com uma aposentadoria mínima. Ela também não conheceu milhares de outras conquistas do povo do campo, como as políticas de apoio e fortalecimento da agricultura familiar, o avanço na educação do campo, direito a documentação e uma mulher na Presidência da República, entre outros.

Nós, mulheres de todo o país, temos que honrar a morte de Margarida e continuar na luta, porque estamos vivas. Margarida está em cada uma de nós. A luta tem que continuar.

#NãoÀReformaTrabalhista!

#ÉPelaVidaDasMulheres