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Artigo

Estamos de luto e vamos à luta

Publicado: 01 Setembro, 2016 - 00h00 | Última modificação: 02 Setembro, 2016 - 16h21

Se chorar muito, muitíssimo resolvesse, eu choraria pelo o resto de minha vida. Mas, nesse caso, embora com a Democracia morta, não podemos enterrá-la. Resta-nos o gosto amargo da injustiça e a tristeza profunda, quase visceral que vai passar. A dor vai nos recompor para continuarmos a luta, agora tendo que refazer as estratégias e ações, mas com um atenuante a nosso favor: a sede dos golpistas ao entreguismo e ao desmonte do Estado vai depor contra eles, e o povo terá que se levantar e tomar de forma permanente e organizada as ruas do País.

Vamos viver um período de recessão profunda e pobreza, pior, miséria para os mais pobres. Por isso choro no meu canto, no meu silêncio, um choro de luta e resistência, pelos trabalhadores, pelos pobres, pelas mulheres, pelos negros, pelos jovens, pelos povos indígenas, por todas as minorias que tiveram direito ao sol, às políticas sociais de inclusão e transformação.

Os retrocessos todos que estão pautados vão atropelar os trabalhadores. Tem até projeto tramitando para retirada, melhor, para subtração de terras indígenas, que já foram homologadas. NÃO tenho dúvida, vão conseguir, eles têm a maioria.

O problema era Dilma e o PT, eles tinham que sair de cena para os golpistas implementarem a política neoliberal e todas as reformas: da Previdência;  Trabalhista, com a flexibilização da CLT e com o negociado sobre o legislado; Privatização das empresas públicas Municipais, Estaduais e Federais, além de congelar os investimentos no Serviço Público por 20 anos (PL 241 - que trata do esfacelamento do Estado). Todos esses projetos estão tramitando e, cerca de outros 50, para alguns deles, só vão esperar as eleições municipais acontecerem, depois vão puxar o freio do trator e passar, por cima da Classe Trabalhadora, principalmente entregando nossa soberania, nosso ouro negro, o Pré-Sal, ao capital estrangeiro.

Vamos retroceder não apenas esses 12 anos que avançamos nas conquistas sociais no Governo Democrático do PT, vamos retroceder, no mínimo, 100 anos. Vamos para a era escravocrata de submissão, do chicote e açoite dos nossos direitos duramente conquistados.

A nossa jovem Democracia foi subtraída, foi arrancada dos braços da mãe gentil, numa teia de mentiras, por um sistema político podre, por parlamentares que representam o que existe de pior nesse País: a maneira mais perversa de governar, de forma sórdida, extorquindo a população mais pobre, tirando direitos sociais imprescindíveis e os investimentos necessários para saúde, educação e cultura.

Quanta cegueira do povo brasileiro! Idiotizados pela mídia a serviço do Capital. Uma mídia oligárquica e terrorista, além da Justiça mais sem justiça e imoral, porque não dizer corrupta. Tão corrupta que chega a ser uma afronta a qualquer um de nós. No Brasil, a mídia se traduz em manipulação permanente.

Ela anda de mãos dadas com a Justiça partidária, que se finge de cega, mas, nos bastidores, tecem juntas as teias do entreguismo e da exploração para acirrar a luta de classes.


Grande parte do povo brasileiro, quando bateu panela, quando xingou Dilma, ou o PT, contribuíram de forma decisiva para este processo que agora está consumado. Os batedores de panela, os alienados midiáticos, os evangélicos e fundamentalistas mais conservadores, agora estão comemorando muito. A pergunta que fica: queriam acabar com a corrupção? Aliás, batiam panela contra a corrupção e por que agora não batem mais, se a corrupção é a síntese escancarada desse governo golpista de homens brancos, ricos machistas e misóginos?

 

Clamamos tanto por Democracia, lutamos bravamente para defendê-la dos abutres e agora estamos de luto. Mataram, além da Democracia, a esperança do nosso povo, a sua alegria. O nosso povo tem baixado muito a cabeça, terá que aprender a lutar e isso vai acontecer em razão da perda efetiva de direitos.

 

Ter comida na mesa, carro mesmo que financiado na garagem, casa própria pra morar, ter direto de viajar de avião, ter um filho na universidade federal estudando pra ser doutor, olhando mais adiante pra buscar o futuro através do Ciência Sem Fronteira, que já foi subtraído, tudo isso vai acabar, vai ficar muito distante da realidade do nosso povo trabalhador e sofrido, vai virar miragem.

E agora?
Reconstruir? Juntar os cacos? Juntar os nossos pedaços? Unificar a esquerda talvez, debater, ressuscitar a esperança e alegria. A nossa luta começa definitivamente agora, sendo muito mais árdua e pesada porque temos que reconstruir as nossas bases, se quisermos sobreviver ao desmonte do Estado e das políticas sociais.

Nada vai consolar ou tirar a dor da perda, porque NÃO podemos parar a luta e o combate são para ontem. Mais um desses desafios para os militantes de esquerda e para os trabalhadores é andar de cabeça erguida, não esmorecer jamais. Quando bater o desânimo e nada mais parecer possível, temos que lembrar do semblante da nossa guerreira Dilma, que suportou a tortura, a doença, a traição e um golpe, temos que ser Dilmais!

 

A injustiça é o fel que envenena a alma, a vida, mas tenho certeza que a história vai mostrar a verdade, só que até lá, muita estrada pela frente, muita dor, mobilização e guerra para a Classe Trabalhadora que NÃO terá saída. Somente o clamor do povo nas ruas vai deter o trator desenfreado e os retrocessos que vem por aí.

 

Deixo aqui, publicamente, meu abraço fraterno a mulher, a Presidenta, a Mãe Gentil Dilma Rousseff. Nossa guerreira!

 

De cabeça erguida minha gente, estamos de luto, mas vamos lutar muito!