MENU

“Esta luta não tem data para terminar”, afirma Dilma

Durante ato em SP, presidenta eleita pediu resistência e alertou sobre os próximos passos dos golpistas

Publicado: 24 Agosto, 2016 - 10h50

Escrito por: Rafael Silva - CUT/SP

Foto: Roberto Parizotti
notice

Na noite de terça-feira, 23, a presidenta eleita da República, Dilma Rousseff, participou do ato organizado pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo em defesa de seu mandato e contra a retirada de direitos promovida pelo governo golpista de Michel Temer.

O ato reuniu diversos juristas, professores, sindicalistas, artistas e políticos que, ao lado da militância, lotaram a Casa de Portugal, na região central de São Paulo. Entre as entidades presentes estava a CUT, que compõe as duas frentes.

Ao discursar, Dilma falou sobre a preparação de sua defesa no Senado, prevista para a próxima semana, criticou as ações do governo ilegítimo de desmonte das políticas e conquistas sociais dos últimos anos e comentou sobre as Olimpíadas no Brasil.

Confira, a seguir, os principais trechos de sua fala.

Resistência

"Nós ganhamos a capacidade de formar uma grande frente de resistência, representada em cada um de vocês. Uma mobilização que criou uma frente no mais profundo sentido da democracia. E essa foi a nossa maior vitória. E temos de saber que essa luta não tem data para terminar. Uma das coisas que aprendemos com tudo isso é que a democracia não está garantida igual muitos de nós pensávamos. A democracia é uma conquista sistemática, e temos de estar atentos para não perder o que ganhamos."

Golpe

"É muito importante chamar os fatos e as ações pelo seu verdadeiro nome. E nós ganhamos a avaliação de que isso é um golpe. Porque se trata da utilização de um instrumento que de fato está previsto na Constituição, que é o impeachment, mas que não tem base de sustentação porque não houve crime de responsabilidade. Me acusam de exercer a atividade de gestão do governo federal usando as mesmas regras, leis, usos e costumes de todos dos presidentes que me antecederam. É disso que sou acusada."

Privatizações

"Eles querem sair da crise econômica fazendo um brutal ajuste na saúde, educação, cultura, nos programas habitacionais e, sobretudo, promover uma grande privatização das riquezas do País. Eles passaram o tempo inteiro dizendo que não conseguiríamos extrair o petróleo do Pré-Sal. Hoje, a maior parte do petróleo do Brasil vem do Pré-Sal. Provamos, não só em termos de tecnologia, que tínhamos condições organizativas de fazer a extração. Nenhum governo no mundo inteiro torna livre a compra e a venda de terras para estrangeiros e isso faz parte da pauta (do Congresso) quando falam em ampliar a privatização."

Olimpíadas

"Eu assisti a luta do presidente Lula para trazer as Olimpíadas ao Brasil. Quando conseguimos essa vitória, começou um processo de grande esforço. Fazer um evento desse era algo extremamente complexo e pra nós era muito importante que o Brasil mostrasse a sua competência e capacidade de organização. Mas quero dizer que das coisas que mais me orgulho é o fato da gente ter passado da 23ª colocação (na Olimpíada passada) para a 13ª nesta edição. Esse é o ganho do nosso povo. Fiquei muito orgulhosa porque começamos, com o presidente Lula, com o programa Segundo Tempo, depois, já no meu governo, iniciamos o programa Brasil Medalha e o Bolsa Pódio, dando condições para nossos atletas crescerem. E teve o papel das Forças Armadas que também deu recursos para os atletas."

Senado

"Muitas vezes nos perguntam se não estaríamos referendando o golpe, participando de todo esse processo que começou na Câmara Federal, quando Eduardo Cunha (PMDB) abriu por chantagem esse processo. Não, nós não estamos referendando, porque uma coisa é a instituição e outra coisa são as pessoas que são contrárias a sua posição. Nós somos democratas. Então a nossa maior arma é ampliar espaços de discussão e debate em cada uma das instituições. Por isso eu vou, sim, ao Senado."