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“Incomodada com nossas conquistas, elite busca retrocesso”

Denunciou Lula, durante reunião com convidados internacionais no ConCUT

Publicado: 14 Outubro, 2015 - 01h57 | Última modificação: 14 Outubro, 2015 - 02h06

Escrito por: Leonardo Severo

Roberto Parizotti
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Lula ao lado de lideranças cutistas, da CSI e da CSA

Lula dialogou com as mais expressivas lideranças do sindicalismo internacionalLula dialogou com as mais expressivas lideranças do sindicalismo internacional“Incomodados com as conquistas que os trabalhadores tiveram nos últimos anos, nossos adversários buscam o retrocesso. Não foram poucas as coisas que o movimento sindical e social conseguiu neste país. E isso a elite não se conforma”, afirmou o ex-presidente Lula, nesta terça-feira à tarde, durante reunião com 210 delegados internacionais, de mais de 70 países, presentes ao Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (ConCUT). O evento acontece até sexta-feira no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.

Para Lula, o protagonismo dado a pessoas que sempre foram tratadas como “párias”, gente pobre que era reduzida a mera “estatística”, é um fator determinante para turbinar o preconceito. “Abrimos espaço para a participação na elaboração e na decisão das políticas públicas. Foram 74 conferências nacionais para discutir sobre Lgbt, portadores de hanseníase, negro, índio, convocando a sociedade para ajudar a discutir as políticas que o governo ia colocar em prática. Provamos que é possível crescer distribuindo renda concomitantemente, que é possível fortalecer o mercado interno e ampliar o externo, valorizar os salários sem causar inflação”, sublinhou.

Ressaltando o papel da educação, o ex-presidente lembrou: “no meu governo e no de Dilma tivemos mais gente humilde indo pras universidades: foram construídas 18 universidades federais, 73 extensões universitárias no interior, 455 escolas técnicas, contra 140 ao longo de todo um século”.

Na avaliação de Lula, o ódio de classe fica à flor da pele quando uma pequena elite reacionária vê os que “nasceram para ser nada” virarem alguma coisa a partir de brechas de ascensão social possibilitadas, por exemplo, com a política de cotas. Daí, segundo ele, a origem do “preconceito contra um homem pobre, nordestino, que é ainda maior agora contra Dilma”.

Enfatizando o papel do mercado interno e da luta contra o catastrofismo criado pelos meios de comunicação, o ex-presidente lembrou que foi para a televisão no dia 22 de dezembro de 2009 enfrentar a campanha de desinformação midiática. “A imprensa mundial dizia que os trabalhadores iam perder emprego, pois o comércio e a indústria iam quebrar. E eu disse: isso vai acontecer se vocês não forem às compras, comprem como responsabilidade. E a economia se aqueceu”, ressaltou, resgatando a importância do enfrentamento à “marolinha”.

Diferente disso, assinalou, é o desvio de dinheiro público do Orçamento para banqueiros e especuladores que os donos do mundo querem impor como mantra neoliberal, reduzindo o Estado a ser um mero apêndice dos seus negócios. “Para tentar salvar o sistema financeiro foram injetados mais de 10 trilhões de dólares. Enquanto isso, temos milhões de pessoas pobres do Norte da África tentando encontrar um lugar para sobreviver”, condenou o ex-líder metalúrgico, frisando que na concentração de renda e no vertiginoso crescimento da desigualdade é onde se encontra a raiz do problema dos refugiados.

De acordo com Lula, nunca foi tão importante a participação consciente da classe trabalhadora, pois “a política foi terceirizada”. “A verdade é que o povo elegeu para tomar decisão, não para dar procuração. O problema é mais político, já vivemos crises muito maiores que esta”, sublinhou o ex-presidente, recordando a vitória sobre a Alca, que já completará 10 anos.

Conforme Lula, é preciso abrir os horizontes e trocar a palavra corte por investimento, focando no desenvolvimento, para ampliar a geração de emprego e renda. Afinal, reiterou, “todos os países que fizeram ajustes” só o que conseguiram fazer foi cavar mais fundo no poço da recessão, deteriorando as condições de trabalho e de vida.

Compuseram a mesa ao lado de Lula o presidente da CUT, Vagner Freitas; o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa; o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felicio; a secretária-geral da CSI, Sharan Burrow e o secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas, Victor Báez.