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MST e MTST: toda esquerda deve estar unida contra golpe

Democratização da comunicação também é apontada como fundamental para romper cerco conservador

Publicado: 14 Outubro, 2015 - 19h58 | Última modificação: 15 Outubro, 2015 - 14h18

Escrito por: Érica Aragão e Isaías Dalle

Roberto Parizotti
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Mesa “A Defesa da Democracia e dos Direitos”

A onda contra o PT que domina o noticiário é, na verdade, um movimento maior do que a tentativa de destruir um partido específico. Trata-se de um esforço da direita para destruir os avanços sociais dos últimos 12 anos e impedir cada vez mais a aplicação prática da Constituição aprovada em 1988. E, dessa forma, tirar espaço dos movimentos populares.

Por isso, a tarefa de qualquer um que se intitula de esquerda ou progressista é resistir a essa onda.

Foto: Lidyane BoucinoFoto: Lidyane Boucino

Essas opiniões são partilhadas por Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Gilmar Mauro, do MST, lideranças que participaram na tarde desta quarta-feira do 12º CONCUT, na mesa de debate “A Defesa da Democracia e dos Direitos”.

“Eu não sou militante do Partido dos Trabalhadores (PT), mas sei que essa onda não é contra o PT, é contra tudo o que é vermelho. É contra a ocupação de terras, contra a luta por moradia, é contra tudo que é luta popular. Os de esquerda que acharem que podem surfar nessa onda vão se afogar nela", disse Boulos.

Gilmar Mauro foi mais direto: “Esquerda que torce contra a esquerda não é esquerda. É direita”.

No entanto, recordaram ambos, é preciso continuar pressionando o governo Dilma para abandonar o caminho do ajuste fiscal que restringe recursos para políticas públicas e que desaquece a economia. Boulos adverte que deixar de pressionar pode permitir que a insatisfação popular seja canalizada pela direita.

Professor VenícioProfessor VenícioO professor Venício Lima, pesquisador da comunicação, também participou do debate. Ele destacou o papel da mídia tradicional na construção do pensamento conservador e da necessidade de construir um  novo marco regulatório para o setor, em cumprimento a um princípio constitucional.

“Temos que ter no Brasil um sistema organizado para a inclusão de vozes e lutar por um novo marco regulatório da comunicação, porque a lei que está em vigor é ultrapassada”, afirmou Venício.  O professor refere-se à Lei das telecomunicações de 1953.

Presente e futuro juntos

Gilmar Mauro fez uma reflexão sobre o momento que estamos vivendo. “Vivemos tempos de tempestade. Mas tempestade tem seu aspecto positivo para extrair lições, quem tem raízes não teme tempestade. No mundo todos os movimentos sociais sofrem ataques”, destaca Gilmar.  

Ele falou também dos aprendizados que teve na agricultura: a importância do presente e do futuro andarem juntos. Neste sentido, elogiou a CUT por ser a primeira central sindical a implantar a paridade de gênero na direção. 

Gilmar MauroGilmar Mauro “É importante plantar a igualdade entre homens e mulheres hoje, se quisermos igualdade amanhã. Se não plantarmos a solidariedade hoje não haverá solidariedade e precisamos abrir espaço para renovação hoje, porque amanhã será a juventude que estará a frente das lutas sociais”, afirmou Gilmar.

Unidade da esquerda

“Estes companheiros representam a união da esquerda brasileira em frentes políticas no qual a CUT faz parte, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, que têm mesmo ideal de lutar pelas mesmas coisas: contra a retirada de direitos, a favor da reforma tributária, agrária, urbana, política, democratização da mídia, auditoria da dívida pública e mudanças na política econômica”, disse o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, ao apresentar a mesa, coordenada pela secretária Nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, e pelo diretor executivo, Júlio Turra.

Pela Constituição

Assim como o novo marco regulatório das comunicações, defendido por Venício, é uma possibilidade prevista na Constituição, várias pautas dos trabalhadores e trabalhadoras também têm amparo constitucional. Quem destacou esse ponto foi Boulos: “Defender a Constituição hoje é visto como pauta da esquerda. A auditoria da dívida pública, taxar as grandes fortunas, proibir propriedade cruzada nas telecomunicações  – o dono de jornal ter também rádio e TV, por exemplo – já estão na Carta Magna”.

Democracia econômica

Mauro e Boulos também concordaram em relação a outro ponto: sem democracia econômica, não há democracia de fato. “Não temos como defender a democracia se não houver a democracia econômica. O 1% mais rico tem mais poder econômico que os 99% da população mundial”, destacou Boulos.

Gilmar Mauro encerrou sua fala com uma frase do sociólogo e político Florestan Fernandes: “Não se deixe esmagar, não se deixe cooptar, lutar sempre!”  E completou: “Nós vamos enfrentar de cabeça erguida, sem esmagar e enfrentar os que estão cooptados, com lutas e conquistas para nosso povo”.

Rosane BertottiRosane BertottiSemana Nacional da Democratização da Comunicação

Durante o debate da “A defesa da democracia e direitos”, Rosane Bertotti, que também é Coordenadora Nacional do Fórum Nacional da Democratização da Comunicação, falou de várias ações e atos que acontecerão na Semana Nacional da Democratização da Comunicação, iniciada nesta quarta.

Também circulou em plenário uma lista para coletar assinaturas para Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) por um novo marco regulatório da comunicação.

“Precisamos de mais de um milhão de assinaturas para uma política pública e um direito público e que o Estado tem responsabilidade”, finalizou Rosane.

Antes, o professor Venício já havia deixado uma sugestão aos sindicatos para popularizar o debate sobre a democratização da mídia: “Temos de criar Conselhos Estaduais de Comunicação Social para estabelecer fóruns de discussão do direito à comunicação, importante para a democracia”.

 

Para maiores informações sobre a campanha “Para Expressar a Liberdade” clique aqui.

Para saber das ações no país todo durante a semana Nacional da democratização da Comunicação que vai até dia 21, clique aqui.