MENU

Mulheres vítimas de violência têm atendimento em SP

Ampliação na casa Eliane de Grammont é mais uma conquista para o enfrentamento à violência contra mulher

Publicado: 30 Outubro, 2015 - 10h58 | Última modificação: 30 Outubro, 2015 - 11h19

Escrito por: Érica Aragão

Roberto Parizotti
notice
Rosto da cantora Eliane de Grammont

Segundo a pesquisa Violência Doméstica Contra Mulher de 2013 do DataSenado, a violência doméstica e familiar exerce grande impacto nas taxas de homicídio contra mulheres. O Brasil é o sétimo país onde mais se matam mulheres.

Balanço da Central de Atendimento à Mulher, o "Ligue 180", mostra que 179 relatos de violência foram feitos por dia, somente no primeiro semestre de 2015.

Com objetivo de dar apoio no enfrentamento a qualquer tipo de violência contra mulher foi que a Casa Eliane de Grammont surgiu na década de 90 e foi reaberta simbolicamente nesta quinta (29). O equipamento, que passou por uma ampliação, recebeu este nome em homenagem à cantora Eliane de Grammont, morta a tiros em 1981 pelo seu ex-marido, o cantor Lindomar Castilho.

A visita das Secretárias de Políticas para Mulheres (SPM) do Governo Federal, Eleonora Meniccuci e da prefeitura de São Paulo, Denise Mota Dau e da Secretária de Mulheres Trabalhadoras da CUT, Junéia Martins marcou a “reabertura” do local.

Para Junéia não há conquistas quando não há luta. “Essa casa foi resultado de muita luta e de muita resistência no período de redemocratização do país”.

O conjunto de elementos na Casa renovada, desde as paredes internas lilás, muros grafitados com rostos de mulheres que marcaram a luta, fotos da Eliane de Grammont por todos os ambientes e com o conhecimento sobre o serviço que o lugar presta, reforçam o clima de segurança e proteção, que emocionou as mulheres presentes. “Essa Casa representa um pedacinho de oásis, dá tranquilidade. É como se você entrasse daquele portão pra dentro e se sentisse mais segura”, contou Juneia emocionada.

A Casa Eliane de Grammont presta serviço multidisciplinar, tendo em vista a administração do cotidiano e superação da situação de violência. O atendimento para as mulheres inclui apoio jurídico, psicológico e até mesmo, dependendo da violência, encaminhamento para outras instituições, como Casa de Passagem e Casa de Abrigo. 

Ampliar a reflexão sobre a “condição de mulher” e ajudar a construir a autonomia fazem parte do suporte oferecido à mulher. “É uma política pública que nós devemos não só incentivar, mas trabalhar para que haja mais casas deste tipo, que dêem sustentabilidade num momento de vulnerabilidade da mulher”,  justificou a Secretária de Mulheres da CUT São Paulo, Ana Lúcia Firmino.

Segundo a coordenadora da Casa Eliane de Grammont, Maura Secco, mais de 200 mulheres estão em tratamento no local. “Os tratamentos não têm data para acabar, é de acordo com a realidade de cada mulher”.

A entidade também oferece formação e conscientização sobre desigualdade de gênero. “Hoje além do atendimento, a gente faz o trabalho de palestras e aulas sobre violência de gênero com grupos de estudantes de medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)”, complementou Maura.

Para a ministra Eleonora, a questão do enfrentamento à violência contra mulheres é uma das pautas prioritárias. “Não podemos aceitar mais que mulheres sejam agredidas, estupradas e mortas pelos homens em pleno século 21”.

Eleonora também citou outras políticas públicas que estão sendo executadas pelo Governo Federal, como por exemplo a Casa da Mulher Brasileira , com inauguração prevista para 2016, em São Paulo.

Nesta quinta (29) também foi lançado no Diário Oficial do Município o edital, em parceria com o governo do Estado, da construção de uma Casa de Passagem, que será ao lado da casa Eliane de Grammont. “Nós estamos passando por um momento de ampliação dos serviços especializados para mulheres. A Casa de Passagem funcionará 24 horas por dia, uma inovação nas políticas públicas de atendimento para as mulheres que facilita o atendimento com qualidade para as mulheres da nossa cidade”, destacou a secretária municipal de Políticas para Mulheres de São Paulo, Denise Motta Dau.

Para a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, a casa Eliane de Grammont é um símbolo de política pública no campo do acolhimento e da solidariedade às mulheres. “Eu sempre digo que uma mulher quando sofre violência precisa, acima de tudo, é ser acolhida, assistida e orientada”, finalizou Jacira.

Serviço:

A casa atende todas as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência. 

Para maiores informações sobre a casa clique aqui