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Petroleiros questionam informação da Petrobrás sobre greve

Para categoria, empresa mente à sociedade e tenta minimizar mobilização

Publicado: 04 Novembro, 2015 - 14h47

Escrito por: FUP (Federação Única dos Petroleiros)

Roberto Parizotti
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Petroleiros participam da paralisação em Capuava (SP)


Em nota divulgada na noite de ontem (03/11), a Petrobrás, mais uma vez, mente para os trabalhadores e para a sociedade brasileira. A empresa admite que a greve nas bases da FUP, já em seu segundo dia, afetou a produção, mas subestima o impacto da paralisação e da redução das atividades de unidades operacionais em diversos estados do país. 

No comunicado à imprensa, a Petrobrás alega que a greve dos petroleiros impacta também a arrecadação de tributos para a União, estados e municípios. No entanto, a empresa continua se recusando a discutir com os trabalhadores medidas alternativas ao seu Plano de Negócio e Gestão, que prevê cortes de investimentos de mais de R$ 500 bilhões e venda de ativos superiores a R$ 200 bilhões.

Essas medidas, sim, afetam, e muito, a economia no âmbito federal, estadual e municipal, pois para cada R$ 1 bilhão que a Petrobrás deixa de investir no país, o efeito negativo sobre o PIB é de R$ 2,5 bilhões. Se os cortes anunciados pela empresa continuarem, a estimativa é de que 20 milhões de empregos deixarão de ser gerados até 2019. Só este ano, 15 mil metalúrgicos foram demitidos, outros milhares de petroleiros terceirizados contratados pela Petrobrás perderam seus empregos e mais de 30 mil postos de trabalho estão ameaçados no setor petroquímico.

Como se isso não bastasse, a empresa ainda tem a cara de pau de afirmar para a sociedade que está “tomando as medidas necessárias para garantir a manutenção de suas operações, preservando suas instalações e segurança de seus trabalhadores”. A FUP e seus sindicatos têm denunciado a possibilidade de ocorrências de acidentes graves em função das equipes de contingência que a Petrobrás ilegalmente está colocando para operar as unidades, na tentativa de retomar a produção a qualquer custo.

Além de não terem capacidade técnica para assumir uma unidade, já que são formadas por gerentes e outros pelegos ligados à gestão e não à operação, os grupos de contingência atuam com número bastante reduzido de profissionais. Durante a construção da greve, a FUP e seus sindicatos buscaram exaustivamente negociar com a Petrobrás cotas de produção e efetivos mínimos de trabalhadores para garantir a segurança operacional e as necessidades imediatas da população, como determina a Lei de Greve. A empresa, no entanto, se recusou a negociar e nem sequer compareceu às audiências convocadas pelo Ministério Público do Trabalho.

Na nota divulgada, a Petrobrás, cinicamente, reitera sua disposição para negociar e reafirma a proposta de reajuste salarial. Ou seja, continua ignorando a Pauta pelo Brasil, que a FUP e os seus sindicatos tentam há quatro meses discutir com a empresa. Quando é que os gestores vão entender que a greve não é por salários e sim contra o desmonte da Petrobrás e das conquistas que os trabalhadores garantiram a duras penas? A FUP e seus sindicatos estiveram há mais de 100 dias à disposição para discutir com a empresa manutenção dos empregos e direitos, uma nova política de segurança, recomposição dos efetivos. Quem não quis negociar e empurrou a categoria para a greve foi a Petrobrás.