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Vetar o termo presidenta é um desrespeito

Tal atitude demonstra o perfil de governar do presidente golpista

Publicado: 06 Junho, 2016 - 09h50 | Última modificação: 06 Junho, 2016 - 10h10

Escrito por: Érica Aragão

Mídia Ninja
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Vetar o termo presidenta é um desrespeito ao dicionário e a luta das mulheres Medida, que parece simbólica, demonstra perfil de governar do presidente golpista

Notícia de que  a EBC retomou uso de 'presidenta' após volta de diretor nomeado por Dilma” ganhou destaque na imprensa e incentivou debate entre  feministas, mulheres da política e na reunião do Conselho Curador a Empresa Brasil de Comunicação.

Esse governo não conseguiu dialogar de nenhuma forma com as mulheres, além desta de não aceitar uma mulher pra presidenta, nomeia uma secretaria de políticas para mulheres, que segundo a própria grande mídia é corrupta e com posicionamento contrário ao da própria CUT, dos movimentos de mulheres e do movimento feminista, sendo contrária ao aborto em caso de estupro
Junéia Martins Batista, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora



Segundo a presidenta do Conselho Curador, Rita Freire, representante da sociedade civil no espaço, o Conselho tem como principal atribuição zelar pelos princípios e pela autonomia da empresa, impedindo que haja ingerência indevida do Governo e do mercado sobre a programação e gestão da comunicação pública.

“O conselho curador já tinha tratado sobre este assunto na última sessão, pois chegaram informações, pelos trabalhadores, de que havia uma orientação de que a palavra presidenta devia ser banida e que era pra usar presidente”, contou.

Rita lembrou que hoje os nomes sociais garantem as pessoas o direito de ter o tratamento relacionado com a identidade e como quer ser tratada. “Eu mesma solicitei à empresa que revisse isso e passasse a usar o termo presidenta”. O conselho está arguindo e exigindo que seja respeitado o termo presidenta pra se referir a chefe do executivo eleita e também pra outras presidentas, como eu presidenta do conselho curador, que também faço questão.

Rita explicou o funcionamento do conselho e disse que o Conselho Curador da EBC faz solicitação, se não é atendido faz uma recomendação, se é muito relevante faz uma resolução e ai isso vira uma lei da EBC. “Mas nós queremos que já seja atendido na primeira solicitação”, destacou Rita.

Rosane Bertotti, que também faz parte do Conselho  representando a sociedade civil, lembrou que não aceitar o termo presidenta é um desconhecimento da língua brasileira. De acordo com as lexicógrafas Marina Baird Ferreira e Renata de Cássia Menezes da Silva, que realizaram a pesquisa histórica sobre o termo do Último Segundo do IG, numa matéria publicada na portal da internet: o substantivo feminino presidenta existe na língua portuguesa desde 1872. Segundo o estudo, em dicionários, os primeiros registros da palavra ocorrem ao menos desde 1925.

 “Proibir o uso do termo presidenta é um desrespeito ao dicionário e às lutas das mulheres”, completou Rosane, que também é Secretária Nacional de Formação da CUT.

A dirigente destacou que no Conselho a igualdade sempre foi respeitada. “No Conselho foi feito defesa de gênero, tanto aprovando critérios de paridade no conselho como exigindo mulheres nas bancadas da tela com critérios de paridade e de raça”, afirmou.

“É terceira mulher seguido que preside o Conselho Curador da EBC”, finalizou.

Para a Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora na CUT, Junéia Martins Batista, o machismo deste governo coloca a mulher no segundo escalão, bem como o governo “golpista” montou seu ministério, ‘só com homens, ricos, brancos e héteros’.

“Esse governo não conseguiu dialogar de nenhuma forma com as mulheres, além desta de não aceitar uma mulher pra presidenta, nomeia uma secretaria de políticas para mulheres, que segundo a própria grande mídia é corrupta e com posicionamento contrário ao da própria CUT, dos movimentos de mulheres e do movimento feminista, sendo contrária ao aborto em caso de estupro”, justificou.

Juneia explicou que todo meio de comunicação tem uma linha editorial. “A mídia sempre influencia a população e o medo deste governo golpista é que o termo se torne natural e respeite a primeira mulher presidente deste país. Como comunicação pública, a EBC tem que respeitar as decisões do Conselho que protege os direitos e que respeita a diversidade deste país”.

Rita Freire, que também milita na Rede Mulher e Mídia no Conselho, disse também que é um escândalo o que está acontecendo e tem algumas questões, como essa que parece um detalhe, mas que é simbólica e afirma muito do que o Conselho quer. “Virou uma queda de braço feminista contra todos estes braços machistas que estão tentando nos censurar. Nós queremos que a EBC respeite as mulheres e que o Brasil respeite as mulheres”, finalizou.